TOPBOOKS LANÇA LIVRO DE IPOJUCA
A Topbooks está lançando Politicamente Corretíssimos,
de Ipojuca Pontes, uma soma de ensaios e artigos sobre política,
economia, arte e cultura, em que o jornalista, cineasta e ex-secretário
Nacional da Cultura manifesta pontos de vistas originais sobre idéias,
fatos e personalidades da vida nacional e internacional. Na discussão
das idéias e no questionamento de juízos, o livro trata de assuntos
os mais diversos, que vão desde a abordagem da moralidade e do pensamento
pouco original de Marx, passando pelo levantamento das raízes do
terrorismo ocidental moderno, até chegar à dissecação do Estado-mecenas
e sua fauna cultural e a análise da desencontrada alma brasileira.
Ao todo, são 50 textos selecionados e de leitura fácil e abrangente.
O autor - jornalista e cineasta desde os primórdios
dos anos 60 - tem larga soma de experiência na vida política e cultural
brasileira, que se inicia na cobertura como repórter de jornal do
fogo revolucionário das Ligas Camponesas de Francisco Julião, em
Pernambuco e na Paraíba (onde nasceu), e se projeta com a realização
do documentário "Os Homens do Caranguejo", primeiro filme brasileiro
sobre o ciclo da fome nas áreas ribeirinhas do Nordeste (consagrado
por seis láureas nacionais e internacionais) e culmina com curta
e polêmica passagem pela Secretaria de Cultura Nacional, onde tentou,
sozinho, modificar os vínculos estabelecidos pela ditadura militar
e a Nova República de José Sarney entre órgãos da cultura oficial
e uma elite cultural viciada nas benesses extraídas dos cofres públicos
e subtraídas, a muque, do bolso dos trabalhadores e dos empresários.
Ao longo dos anos Ipojuca Pontes escreveu quatro
livros ("Cultura e Desenvolvimento", "Cinema Cativo", "Brasil Filmes
S/A" e o roteiro de "Pedro Mico") e compartilhou, como produtor
executivo, da montagem de peças teatrais ("Um Edifício Chamado 200",
"O Homem de La Mancha", "Um Bonde Chamado Desejo", "Encontro no
Super-mercado"), além de dirigir "Os Emigrados", de Mrozek, distinguida
com o prêmio Molière de melhor interpretação e que participou, no
campo teatral, do processo de anistia em curso no final dos anos
70. No cinema, além de escrever inúmeros roteiros e argumentos,
produziu e dirigiu cerca de dez filmes, de ficção e documentário
(entre outros, "Os Homens do Caranguejo", "Canudos", "Poética Popular",
"Cidades Históricas", "Rendeiras do Nordeste", "Portrait of Vaquero",
"A Volta do Filho Pródigo" e "Pedro Mico"), conquistando mais de
trinta prêmios nacionais e internacionais.
O filósofo Olavo de Carvalho saúda Politicamente
Corretíssimos como uma "mistura de ensino e divertimento que,
segundo Horácio, caracteriza a boa obra literária". O jornalista
e ex-deputado socialista Sebastião Nery ressalta que, no livro,
"Ipojuca Pontes dá uma lição de coragem, audácia, desafio. Sobretudo,
enfrenta, com a segurança de quem leu tudo dele e sobre ele, o maior
mito do século - que é Marx e o marxismo". O escritor José Alberto
Gueiros realça a sua condição de "obra que se contrapõe às numerosas
tentativas radicais de se instituir no Brasil uma era de pensamento
único". E o poeta e editorialista do Jornal da Tarde, José
Nêumanne Pinto, acha que o livro é atualíssimo e tem muito a ensinar:
"Quem quiser ler e aprender" - diz - "pode fazê-lo neste livro.
Bom proveito!".
Embora se considere um cristão manso e humilde
de coração, Ipojuca é tido pelos amigos e inimigos como um ser imprevisível,
embora não se lhe negue acentuada dose de coragem. Só para fixar
sua breve convivência com o poder, na posse de Collor recusou ser
apresentado a Fidel Castro pelo diplomata Ítalo Zappa, alegando
como justificativa, e diante do ditador, que não podia apertar a
mão do convidado visto que "em Cuba as relações culturais são carcerárias".
E ao renunciar ao posto de Secretário Nacional de Cultura, com status
ministerial, enviou carta ao presidente eleito (depois de vê-lo
preservar nos cargos-chave do governo os quadros funcionais estatizantes
da esquerda festiva e da ditadura militar), prevendo, um ano e meio
antes, o "irrecorrível impeachment", pois, segundo entendia, "seus
adversários políticos e ideológicos não são amadores ou apenas provincianos
deslumbrados, têm largas décadas de experiência na conspiração e
na luta sem quartel pela tomada do poder, e, agindo dentro da própria
máquina governamental, não vão abrir mão de derrubá-lo".
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