O PRUDENTE E INAUDITO DICIONÁRIO
INGLÊS-PORTUGUÊS DE PALAVRAS “FALSAS AMIGAS”
Carlos Nejar
Poeta, ficcionista e autor de, entre outros, A História
da Literatura Brasileira, pertence à Academia Brasileira
de Letras e à Academia Brasileira de Filosofia
Ruymar Andrade, poeta, advogado, ora dicionarista,
com curso de experiência como professor do idioma inglês,
residente por muitos anos nos EUA, ex-presidente da Câmara
do Comércio no estado da Flórida, consultor jurídico
estrangeiro certificado junto à Suprema Corte daquele estado,
cuidou de realizar um feito linguístico. Este compêndio,
além de guia de tradução, é um empreendimento
abrangente, que versa sobre palavras da língua inglesa (e,
se as descobrimos, são elas também que nos descobrem),
as cognatas e não cognatas, idênticas, semelhantes
ou evocativas, de natureza heterossemântica, dentro do espírito
com o qual Drummond – das Minas Gerais, onde Ubá se
alteia – aconselhava que entrássemos “no reino
das palavras”.
Obra inovadora na espécie pelo elevado
número de verbetes (em torno de 5 mil), cujas grafias ou
pronúncias idênticas, assemelhadas ou evocativas se
mostram sedutoramente traiçoeiras, exigiu do autor fecundo
e específico fôlego no seu levantamento, argúcia
ao desvendá-las, e ainda o amadurecer exercitado na pesquisa,
verdadeiro ato de amor, vigilância e paciência.
Dizia Guimarães Rosa que “viver
é muito perigoso” também no mundo das palavras,
onde o avisado se acautela na travessia de vocábulos que
são ardilosas arapucas para o leitor que as desconhece. Este
trabalho sedimenta não só um aprendizado a quem o
busca ou lúdica descoberta ao mais curioso, servindo para
prover o idioma inglês, dando-lhe acesso rápido e elementos
seguros ao real significado das palavras, na proporção
em que desmonta o vasto contingente de “falsas amigas”
e “falsos cognatos”, com vocação de areia
movediça. Com isso, se torna fundamental para o usuário
e altamente recomendável a professores e estudantes do inglês,
executivos, faculdades, colégios, bibliotecas, empresas,
tradutores.
Este Dicionário Inglês-Português
tem a virtude de desarmar inditosas coincidências vocabulares,
armadilhas ou miragens de caminho, com o desígnio de evitar
erros de linguagem, seguindo o preceito machadiano ao reconhecer
que “a primeira glória é a reparação
de erros”. Além disso, sem pretender comparar-se a
qualquer modelo na espécie, com simplicidade e eficiência
alcança a exitosa façanha de um dicionarista que é
poeta – e um poeta que é dicionarista – com a
convicção de realizar um trabalho sensível
e em progresso, como o fluir de um rio, avançando na medida
em que suas águas se aperfeiçoam e ganham novas plagas.
Com as palavras que guardam a afortunada memória dos homens.
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