ENTRE GENEBRA E A GUANABARA – A DISCUSSÃO
POLÍTICA HUGUENOTE SOBRE A FRANÇA ANTÁRTICA
Em meados do século XVI, a Baía
de Guanabara abrigou a França Antártica, colônia
francesa de vida curta, porém intensa, fundada sob os auspícios
do monarca Henrique II e chefiada pelo cavaleiro de Malta Nicolas
Durand de Villegagnon. Tal como a Europa de então, a colônia
se encontrava dividida em vários grupos religiosos, sobretudo
católicos e huguenotes, que mantinham uma relação
ambígua e conflituosa.
Entre os protestantes destacava-se especialmente
um grupo composto por quatorze membros, vindos de Genebra sob a
liderança do nobre Philippe Dupont e dos pastores Pierre
Richer e Guillaume Chartier. Entre eles contava-se ainda o jovem
sapateiro Jean de Léry, que escreveria um dos primeiros relatos
sobre as terras brasileiras publicados na Europa.
Estes protestantes afirmavam procurar no Novo
Mundo um lugar onde pudessem “melhor servir a Deus”.
Entre Genebra e a Guanabara busca reconstruir a discussão
através da qual os huguenotes elaboraram esse ideal e seus
desdobramentos religiosos, políticos, econômicos e
sociais, analisando cartas e relatos impressos produzidos por tão
singulares personagens. A obra aborda a pluralidade de significados
do continente americano para a cultura europeia da época,
nessa aventura em um Brasil dividido entre portugueses e franceses.
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