ENTRETEMPO
Entretempo é um livro de poesias
cuja leitura transporta o leitor, com muita força evocativa,
para épocas pretéritas e presentes. Uma poesia que
possui as qualidades incomuns da forma, idéia e espírito,
sob o signo de uma sensibilidade harmoniosa e iniludível
pendor para as formas clássicas pelas linhas nítidas
e proporções exatas. Poemas límpidos, repassados
de serenidade, ritmo natural e largo espectro de contemplação,
sem instantes abismais ou ostentação de pathos.
Não escapará aos espíritos
atentos a observação de que a poesia de Antonio
Fantinato possui as virtudes difíceis e esquecidas de
respeito à estética das palavras, com expressão
poética dotada de especial engenho na arte da concisão,
construindo versos sóbrios, curtos, por vezes musicais e
em tom discretamente coloquial.
Uma arte, assim, refinada e ao mesmo tempo simples,
rica e simultaneamente despojada, marcada por ritmos vivazes ou
movimentos ralentados. É com esses atributos que Antonio
Fantinato concebe uma expressão poética singular pelo
contraponto dos temas captados do circunstancial, do momentâneo,
do real projetado e de um passado que, para ele, nunca passa. Na
essência e na forma, o poeta realiza um processo lírico
da memória como recordação e evocação
de um passado no presente, onde o efêmero se transforma em
perdurável.
Sylvio Lago
Brasília, 9 de junho de 1999
Poeta:
Saudações. Recebi seu livro em
janeiro. Folheei, como faço sempre, para sentir o pulso.
Potente. Alto lá. É ler com vagar! Levei-o pra meu
“eremitério” em Araras. Leiturar até o
fôlego faltar. Logo faltava. Poesia pulsátil, densa,
existencial, império da palavra ou palavra no empíreo.
Céus! Quanta produção de equivalente peso!
Vive a escrever, pensei. Será? Já sei, horas de tédio
oficial propiciaram-lhe o espaço interior da poesia? Pode
ser. Que obra qualificada e densa! Acabei neste feriado de Corpus
Christi de ler o Tetracorde. Exausto, não de cansaço
mas do hausto poético oriundo do que melhor pode a cultura
do poeta fazer com ele, sem o dominar. Parabéns. Ouso enviar-lhe,
como vingança, alguns esquálidos poemas.
Estejam convosco a Graça e a Paz. Sempre
Mais,
Artur da Távola
|