MUITO A NAVEGAR – UMA ANÁLISE
LOGÍSTICA DOS PORTOS BRASILEIROS
A partir de agora, em qualquer discussão
a respeito do setor portuário, será muito difícil
deixar de recorrer a este trabalho de Pedro Brito. O grande mérito
de MUITO A NAVEGAR – UMA ANÁLISE LOGÍSTICA
DOS PORTOS BRASILEIROS é a abordagem original do autor,
que, em vez de analisar os portos como geralmente se faz, isoladamente,
apenas se concentrando em suas peculiaridades, ampliou o olhar e
os situou da maneira adequada, como um dos elos da complexa cadeia
de logística de transporte.
Graças a essa visão mais abrangente
e ao privilegiado ponto de observação de Pedro Brito,
como ministro chefe da Secretaria de Portos, a obra se transforma,
de fato, numa bússola confiável, capaz de orientar
de forma segura o debate em torno das questões mais sensíveis
e estratégicas do sistema portuário – tanto
no âmbito do governo como no contexto empresarial ou no meio
acadêmico.
O estilo é sobretudo convincente, sem
pedantismo e distante daquela linguagem cifrada e pretensiosa que
só os especialistas entendem. Em tom de conversa, os temas
se encadeiam naturalmente, o que torna a leitura agradável,
pois tudo parece claro e evidente. Fica fácil compreender,
por exemplo, o papel essencial dos portos brasileiros na trajetória
de crescimento da economia nos últimos anos, assim como as
atuais prioridades e as projeções de longo prazo.
Igualmente, a surpreendente série de ações
implantadas em três anos pela Secretaria de Portos explica
em parte o salto do Brasil da 61ª para a 41ª posição
no ranking dos países com melhor desempenho logístico
no setor portuário, de acordo com estudo do Banco Mundial.
Neste livro, PEDRO BRITO não doura
a pílula nem busca aplausos: aponta o dedo diretamente para
as mazelas históricas dos portos brasileiros e para os gargalos
que ainda precisam ser superados. Ao mesmo tempo, indica os caminhos
objetivos para que o Brasil atinja o nível de eficiência
alcançado pelos países que investiram seriamente em
logística como fator estratégico de desenvolvimento
econômico e social, capaz de proporcionar retorno para a sociedade.
Destaca o resultado das mudanças promovidas no marco regulatório
do setor e enfatiza a relevância das hidrovias e das ferrovias
na nova matriz logística proposta pela Secretaria de Portos,
como alternativa para superar a inevitável saturação
do modal rodoviário. Faz uma comparação objetiva
entre os portos brasileiros e os melhores do mundo. E, mais importante,
põe por terra os argumentos das pessoas que ainda insistem
em contestar o atual modelo de administração portuária.
“O porto tem de ser público porque presta um serviço
para a coletividade, para o grande ou pequeno importador ou exportador,
e porque são equipamentos estratégicos que dependem
dos investimentos em infraestrutura para funcionar com eficiência.
É simples, e não há como fugir dessa obviedade”,
afirma ele.
Além de todas essas qualidades, MUITO
A NAVEGAR já mereceria ser lido apenas pelo relato a
respeito da montagem da equipe técnica da Secretaria de Portos,
que ocorreu absolutamente à margem das indicações
de caráter político. Pedro Brito provou que, quando
há decisão e firmeza, isso é perfeitamente
possível, e os resultados logo aparecem.
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PEDRO BRITO é economista, graduado
pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade
Federal do Ceará, e mestre em administração
financeira pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação
de Engenharia (Coppe) da UFRJ. Em maio de 2007, assumiu o cargo
de ministro chefe da Secretaria de Portos da Presidência da
República. Foi ministro de Estado da Integração
Nacional de março de 2006 a março de 2007, e chefe
de gabinete e secretário-executivo do ministério entre
abril de 2004 e março de 2006. No Ceará, seu estado
de origem, exerceu vários cargos, entre eles os de superintendente
financeiro do Banco do Nordeste do Brasil, superintendente-geral
da Bolsa de Valores Regional, diretor do Banco Fibra, secretário
da Fazenda do Governo do Estado, presidente do Banco do Estado do
Ceará e presidente do Conselho de Administração
do mesmo banco. Na área acadêmica, destaca-se sua atuação
como professor de administração financeira, análise
de investimentos, análise econômico-financeira de empresas,
contabilidade gerencial e matemática financeira, na Universidade
de Fortaleza, na Universidade Estadual do Ceará e em outras
instituições. Participou de cursos de especialização
e seminários, no Brasil e no exterior, e tem trabalhos publicados. |