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"O LUGAR DO OUTRO", de José Paulo Paes

O desaparecimento de José Paulo Paes privou a cultura brasileira de um de seus mais qualificados intérpretes.  Movido por uma inestancável curiosidade intelectual, sabia, como poucos, conjugar o olhar crítico a um discurso compreensivo (mas não complacente) dos caminhos e impasses que compõem o quadro literário da modernidade. Difícil destacar em qual território foi mais fecunda sua atuação, de tal modo soube dividir-se (ou multiplicar-se) com mestria nos diversos domínios a que se dedicou.

Louve-se o poeta, que, cronologicamente situado no âmbito da Geração de 45, logrou, como poucos de seus contemporâneos, corroer a gravidade do verso em prol de uma dicção leve e epigramática, desde a lavoura já algo arcaica de O aluno (1947) até as recentes Prosas e odes mínimas (1992) e Os melhores poemas (1998). Louve-se o exímio tradutor de Aretino, de Kaváfis e de tantos outros nomes cujas obras tiveram a ventura de ser vertidas a nosso idioma pelo conhecimento linguístico e sobretudo pela aguçada sensibilidade poética de José Paulo. E louve-se, em particular, a sua produção ensaística, que nos legou tantos títulos já incorporados, ou em vias de se incorporar, ao conjunto de livros efetivamente necessários para uma melhor compreensão de nossa literatura, sem descurar das constantes e consistentes incursões do crítico às letras estrangeiras: Mistério em casa (1961), Gregos e baianos (1985), A aventura literária (1990), transleituras (1995), Os perigos da poesia (1997).

Em boa hora a Topbooks presta homenagem ao escritor com a publicação deste O lugar do outro, que agrega os (talvez) derradeiros ensaios revistos por ele, sistematizados e organizados em função do livro, conforme se depreende de sua “Nota liminar”. Todas as virtudes do ensaísta estão aqui presentes: o estilo claro e conciso, o horror ao dogmático, a independência de um pensamento que dialoga com várias correntes críticas sem delas tornar-se um submisso e parafrásico porta-voz. José Paulo conferiu dignidade a matéria normalmente excluída do circuito da alta cultura, como a literatura infantojuvenil e a música popular.  Mesmo veiculando seus artigos, inicialmente, em jornais, evitava o tom asséptico, meramente informativo, que vem caracterizando boa parte das resenhas na grande imprensa, ao injetar nos textos um teor analítico que os capacitava a transitar sem dano ou desdouro das páginas do jornal para as do livro.

É farto e variado o material que se espraia nas três seções dessa obra. A primeira delas, com uma ou outra exceção, se debruça sobre os problemas específicos da arte narrativa, em especial a brasileira, do século XX. A ficção, aliás, foi um dos objetos mais insistente e amorosamente estudados por José Paulo Paes, que lhe dedicou praticamente um livro inteiro (A aventura literária). A segunda, menos circunscrita a um referencial preciso, navega por temas e problemas da cultura e da informática na nossa capacidade de apreender o real. A terceira seção remete ao diálogo vivo com o passado, através da sobrevivência e da atualidade da poesia grega.

Compete-nos, por fim, enfatizar sua capacidade em abrir-se para o diálogo com o inesperado, com o perturbador, com o novo. O aluno de 1947 pouco a pouco transformou-se em mestre na apreensão da cultura como sinônimo de pluralidade. Daí podermos dizer que, pela frequentação de uma alteridade que ele próprio soube tão bem valorizar, cabe a José Paulo Paes ocupar o espaço da crítica efetivamente aberta à diferença; cabe a ele, portanto, irrevogavelmente, ocupar esse lugar – O lugar do outro.

Antonio Carlos Secchin

 

José Paulo Paes cumpriu um dos mais admiráveis destinos de escritor que pude conhecer no Brasil: foi o poeta corrosivo e crítico de “Anatomias” e Resíduo”; traduziu com superioridade livros importantes, dos quais saliento a coletânea do grego Konstantinos Kaváfiz; além disso, comentou e teorizou sobre tradução com observações que muito ensinaram a outros tradutores. Como ensaísta, escreveu com pertinência sobre poesia e ficção: seus textos e análises sobre Augusto dos Anjos e Raul Pompéia  converteram-se em guia original para as renovadas leituras daqueles escritores. Não há obscuridade nem alusões torturantes em Paes, e ele mesmo tratou de ser esclarecedor quando identificava aquelas características em autores que julgou pertinentes.

Em O lugar do outro encontra-se, mais uma vez, o ensaísta militante a demonstrar sua típica atenção especulativa não só para os livros da atualidade como também para o que chamou de “circunstancialidades”: temas como o palavrão, o erotismo, a tolerância, a correspondência com Dalton Trevisan e a intensa decepção com o futuro prognosticado por Bill Gates produziram textos de marcante vitalidade e argúcia. Perdeu-se muito com a morte de Paes. A literatura do Brasil perdeu uma rara vocação de polígrafo que registrou altos momentos na poesia e na crítica, e que sempre soube combinar leveza com autoridade.

Felipe Fortuna
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