MORRE O MUSICÓLOGO E DIPLOMATA VASCO MARIZ
Pesquisador escreveu 'História da Música Brasileira' e biografou Villa-Lobos
Luciana Medeiros, especial para O GLOBO, do Tutti Clássicos
RIO — Musicólogo, diplomata, advogado, pesquisador e integrante da Academia Brasi-leira de Música (ABM), Vasco Mariz morreu na madrugada desta sexta-feira (16), no Hospital Samaritano, Zona Sul do Rio, de pneumonia, aos 96 anos.
Carioca, considerado uma unanimidade na vida cultural brasileira, Mariz ajudou vários artistas ao longo da carreira, é autor de uma das mais copiosas e importantes bibliografi-as do país e trabalhou intensamente na reorganização da ABM, nos anos 1990.
Mariz foi uma figura fundamental na música brasileira — avalia o presidente da enti-dade, André Cardoso – Sua "História da Música Brasileira" é talvez a única panorâmica completa da produção brasileira, do período colonial à música contemporânea. E sua biografia de Villa-Lobos é referencial, traduzida em muitos idiomas.
"EM TODO LUGAR, TRATAVA DE PROMOVER A MÚSICA"
Mariz ingressou na vida diplomática em 1945, depois de se formar em Direito na Uni-versidade do Brasil (atual UFRJ), e serviu por 42 anos na carreira, chefiando divisões como a de Difusão Cultural e de Política, como embaixador no Equador em Israel, no Chipre, no Peru e na Alemanha Oriental e representante do Brasil na Organização dos Estados Americanos. Em todo lugar, tratava de promover a música e os músicos brasilei-ros. Em Berlim, seu último posto diplomático como embaixador, convenceu o maestro Kurt Masur a fazer em Leipzig, cidade de Bach, uma homenagem a Villa-Lobos, autor das “Bachianas Brasileiras”, no ano do seu centenário, 1987.
— Ele ia promover a música de Villa-Lobos pelo mundo afora — lembra o compositor Ricardo Tacuchian. — E foi responsável pelo impulso em muitas carreiras brilhantes. Foi ele quem promoveu o primeiro concerto de Antonio Meneses nos Estados Unidos, em Washington, com regência de Mário Tavares.
O corpo de Vasco Mariz foi enterrado no Cemitério São João Batista. Ele era casado com Regina e tinha dois filhos, quatro netos e seis bisnetos. Ativo até poucos dias, dei-xou pronta uma palestra que faria dia 20 de junho, na igreja da Antiga Sé, sobre José Maurício Nunes Garcia. O texto será lido no evento.
O GLOBO
Rio de Janeiro
16/06/2017 |