Um verso ecoa ao longo do quinto livro de poesia
de Felipe Fortuna chamado A Mesma Coisa (Topbooks):
“Todo poema toca ao menos no gatilho”
Ivan Claudio e Aina Pinto
Um verso ecoa ao longo do quinto livro de poesia de Felipe Fortuna
chamado A Mesma Coisa (Topbooks): “Todo poema
toca ao menos no gatilho. E de repente contaminada a vida esparsa”.
É da própria poesia – sua língua libertária,
seus impasses e os desafios para quem a pratica hoje – que
se ocupa a obra. No mais extenso dos poemas, que dá título
ao livro, Fortuna trata da repetição, da impostura
e de como versejar dialogando com a tradição –
o que faz pensar no “eu é um outro” de Arthur
Rimbaud e no “fingidor” de Fernando Pessoa. “O
Suicida” enumera poetas que apertaram o gatilho no confronto
das palavras com a realidade, como Sylvia Plath, Alfonsina Storni
e Vladimir Maiakovski. “Contra a Poesia” faz justamente
a sua defesa. “Nossa sociedade está baseada na imitação,
na cópia e no plágio. A busca da originalidade não
é original na medida em que se imita essa busca”, diz
Fortuna. Na vertigem de sua prosa poética, ele mostra quão
musical é a cadência de seus versos.
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