WhatsApp:  (21) 98563-3713
COMPRAS      
 
TOPBOOKS - EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS

Topbooks 30 anos

A Editora Imprensa Homenagens Especiais Destaques Recomendados e-Books Como comprar Fale conosco Início do site
30livrosA10reais
CATÁLOGO RESENHA
 
 
 
Instagram
 
WhatsApp:
(21) 98563-3713
TOPBOOKS - Editora e Distribuidora de Livros

DOMINGO DE POESIA

Marisa Lajolo*

Ontem foi um domingo de poesia. Delícia de domingo, com um pouco de chuva e muita poesia. Boa poesia: os ótimos poemas de Antonio Carlos Secchin, editados pela Topbooks, “Desdizer e antes” elegante e discreto livro, a partir da capa.

Ultrapassando a capa de um leve tom acinzentado com letras cor de vinho, ao longo das poucas mais de duzentas páginas, o leitor se envolve e se encanta. E sorri, e se comove, e se entusiasma. E não larga o livro.

Não sei vocês, mas eu só muito raramente leio de uma vez um livro inteiro de poemas. Mas foi irresistível folhear de uma em uma as páginas deste “Desdizer e antes”. O olhar voltado para dentro que se seguia à leitura de cada poema voltava ao livro, na certeza de encontrar, na página seguinte, mais magia de palavras transfeitas em poesia. E o olhar não se decepcionava. Nem o coração.

Abrindo- se com poemas mais recentes, o volume reúne toda a produção de Secchin, e se fecha com um depoimento do poeta datado de 2006, com um PS de 2017. Vício de professor: ao folhear o livro, a tentação de iniciar a leitura pelo depoimento foi grande.

Mas resisti: afinal, era domingo...

Em minha leitura, a poesia de Secchin marca-se, desde seus mais antigos poemas, pela precisão. Precisão incrível. Precisão de temas, precisão de formas. Tenho a impressão de que o poeta Secchin diz e faz, sempre, exatamente o que quer dizer e fazer. E-xa-ta-men-te! O rigor de métrica, de ritmo e de rimas dos seus sempre excelentes sonetos é do mesmo naipe dos recursos de construção de seus poemas – digamos – livres, onde, ainda que não ostensivos, ritmos e sonoridades se esgueiram, temperando a irregularidade métrica dos versos.

E talvez seja, por exemplo, na percepção de uma inesperada rima interna, de um surpreendente corte rítmico tradicional, que o leitor se dá conta – deliciado – da extrema maestria do poeta em seu fazer poético. Essa maestria se manifesta no domínio competente de diferentes formas (e fôrmas...) poéticas que, quer em suas manifestações mais ortodoxas, quer em manifestações, por assim dizer, “reformadas”, comparecem à sua poesia. "A gaveta", poema recente, e "Itinerário de Maria", mais antigo, não são bem isso? Acho que sim.

Outra marca também sedutora da poesia de Secchin é a convivência que ela patrocina entre o mais trivial e o mais sublime. Um poema que celebra o cardápio de um almoço familiar ("Soneto ao molho inglês) vem na sequência de versos que tematizam o anseio vão de uma "receita de poema", e mais para a frente o poeta se expõe: “No compasso da nudez / minha mudez”,
A vasta gama de temas e de assuntos, de confissões e negaceios que compõem “Desdizer” dá boas vindas a diferentes tribos de leitores. Os poemas falam, sim, com os que reconhecem a metalinguagem de inúmeros versos. Mas não espanta os que, embora não a reconhecendo (ou talvez apenas suspeitando dela) se deixam envolver pelos diferentes significados que um mesmo texto pode ter para diferentes leitores.

Diferentes leitores e leitoras, não é mesmo? Por exemplo, as leitoras que leem o sensacional "Mulheres"...

E, falando em leitoras e leitores, estas misteriosas (e poderosas) sombras que interrogam o poeta "me deste a chave ?" são presença constante na poesia de Secchin. Sempre com um piscar de olhos, o poeta (n)os convoca, implacavelmente, em nome de uma parceria a ser estabelecida entre quem escreve e quem lê. Parceria oferecida ainda que pelo avesso: "O desavisado leitor / não espere muito de mim", alerta o poeta na antessala do livro, o que já constitui amostra da autoironia que tempera os versos do carioca, crítico e professor de literatura .

E vou ficando por aqui, ao entender, a partir do título do livro, que talvez a poesia seja mesmo, sempre, um desdizer, fruto do sempre renovado espanto existencial . Espantado, o poeta desdiz o que diz. Mas só para depois tentar dizer de novo.

Será? Eu acho. E você?

*Ensaísta, pesquisadora, crítica literária, autora de literatura juvenil e professora universitária. Nascida em São Paulo mas criada em Santos, no litoral paulista, tem mestrado e doutorado pela USP e pós-doutorado pela Brown University, onde foi professora visitante.

Publicado no Facebook, página da autora

 

Leia mais:

Versos com galhardia

Poesia.net

Poesia como cultura

O Desdizer de Secchin e uma vida dedicada à arte da palavra

Secchin: no difícil coração da poesia

Leitura 1. Antonio Carlos Secchin - Desdizer

Fulguração da desordem

Um poeta versátil

Após 15 anos, acadêmico Antonio Carlos Secchin volta a publicar poemas inéditos

A dita do desdito

Privacidade

Envio de originais

Mensagem do Editor

Topo Início Anterior
TOPBOOKS EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS LTDA.
Rua Visconde de Inhauma, 58 - Sala 203 - Rio de Janeiro - CEP 20091-000
Telefones: (21) 2233-8718 ou (21) 2283-1039
Copyright © Topbooks, 2003 - 2024 - É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização - Projeto QV